Viagens por aí a dentro

sábado, agosto 06, 2005

Braga-Viana

Empreendi uma aventura para alguns, que é desafiar o feudo das transportadoras rodoviárias, e lançar-me numa viagem de comboio de Braga a Viana do Castelo a um Domingo. Deu para sentir e palpar a verdadeira despojação da cidade. Sem gentes às 7 horas da manhã de um Domingo, parece (e é pela temperatura) muito mais fria e impessoal. A manhã está fria. O sol ainda não nasceu. Entro no comboio que agora faz o percurso inverso ao de quase uma semana. Saio em Nine. O caminho até lá é o tipíco minhoto, já fora da franja de Braga. Anotam-se homens a mondarem o seu socalco de terra, mesmo à beira da linha. Como o sol ainda teima em despontar totalmente, o frio ainda se sente, e a neblina morre nos vales. Só depois, devagarinho, no cume dos pequenos montes os raios lambem os cimos das árvores e os cimeiros das igrejas.

Paro em Nine, com um cheiro a campo e estrume característico, com montes de cultivo a fazer tudo verde. De soslaio, raspo de um corrimão o gelo que se formou durante a noite. Senti-lo a desfazer-se entre os dedos é revigorante, embora pouco ajude a colmatar o frio. Vem pessoas e veem as conversas com sotaque carregado e histórias do dia-a-dia. De pessoal na estação nem sinal. Só a voz gravada de antemão. O Internacional vem aí para me levar ... vou-me deixar ir.

A viagem é curta – menor do que a espera em Nine pela ligação – agradável e esguia. Passando por tudo o que é verdejante e viçoso, vinhedo e rio.

Chegados a Viana - um pouco de tempo depois do horário, visto pelo caminho de via única ser necessário fazer a espera pelas composições que vem em sentido inverso - convém visitar o que de lá por bom e mau se tem.

O elevador que nos levaria – e digo levaria por isso mesmo – ao cimo do Monte de Santa Luzia encontra-se segundo os guias desactivado para obras. Já lá vão 3 anos de abandono e nem sinal de obra. Só despojo e um cenário de horror funicular. Somos então compelidos a ir de escadas, táxi ou carro próprio. O escadório faz-se bem com paciência e descanso q.b. . O que é inverossimil é deixar um património e motivo de interesse, desfalecer assim sem o mínimo de cuidado. Que fique isto para pensar nas opurtunidades que temos para desenvolver, e perdidas como são não há queixa que o valha...

A paisagem do topo é bem abrangente o Sul, Este e Oeste da região de Viana: Montes e Vales, mais montanha e mar. Viana como um enclave de fronte para o Porto, porto de pesca a Norte e acolhedor de iguarias, legumes e ares campestres do interior Sul, Norte e Este. Uma confluência que é tipica deste tipo de cidade à beira-mar plantada, que beneficia ainda da foz de um rio navegável, que outrora, antes da escalada do asfalto serviria de estrada para o interior.

Viana tem o ponto máximo aqui em Santa Luzia, e subindo ao zimbório pode-se apreciar, embora num espaço apertadíssimo, toda a envolvente da cidade. Da cidade histórica em si, uma volta aos olhos pelo centro serve tanto do que uma visita guiada, uma vez que nos sitios mais centrais tudo se encontra identificado devido ao esforço camarário que ajuizadamente identifica os monumentos mais pitorescos com uma pequena sintese da sua história e conteúdo.

Sinal mais para o navio Gil Eanes, cuja história atribulada está contada na doca da cidade. Se não fosse o esforço externo a nave estaria agora a ser desfeita em milhares de bocados. A iniciativa conta com uma pousada e aproveitamento para alojamento de diversas instituições. Um exemplo de reabilitação a seguir, que, no entanto, deverá ser ainda mais cuidada.

Após uns grandes passeios pela urbe, passe-se pela praia do Norte, que, não obstante as pequenas ondas e areal, sempre ajuda a descomprimir. Outra vez, aconselha-se o passeio ao Deus dará pelas artérias da cidade. Trás mais benefícios do que se julga...

De volta, e autocarro tomado de volta à base é hora de passear por mais umas curvas e serranias pelo meio de terreolas, umas maiores, outras mais pequenas mas sempre com o seu encanto.

Braga espera-me para um último sono que nas próximas vezes terá que ser repartido por este Minho de tantas terras mas sempre verdinho.

Cumprimentos para todas as pessoas que conheci nesta viagem deambulatória pela região, especialmenta para este pessoal:

Flávia (Brasil)

Steven (Nova Zelândia)

Marta e Sebastien ( Polónia e França)

Wilson (Brasil)

Joaquin, Ruben & Eduardo (Espanha)

Michael (Alemanha)